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domingo, 23 de dezembro de 2012

Igrejas de Évora... [Igreja do Espírito Santo]



Vários caminhos levam ao Largo dos Colegiais e consequentemente à Igreja do Espírito Santo. Esta igreja pertence ao conjunto monumental do Colégio do Espírito Santo (classificado como monumento nacional desde 1910), a igreja possui características da época da Reforma, com início de construção em 1566 e concluída em 1572 é considerada como marco inaugural do “estilo chão”, comum às edificações jesuíticas. Este estilo surgiu em Portugal no reinado de D. João III e corresponde a uma tentativa de dotar as construções de mais clareza, ordem, proporção e simplicidade. Durante o século XVIII, recebe talhas douradas, característico do barroco no reinado de D. João V, somando um aspecto de riqueza à sua simplicidade arquitetônica. Inspirada na Igreja de Jesus em Roma, a Igreja do Espírito Santo em Évora serviu de modelo para outras igrejas de colégios jesuítas em Portugal e no Brasil.
         Por estar em lugar alto, a igreja aparece imponente na paisagem eborense para quem a avista a cidade da região sudoeste, mesmo com a simplicidade de sua fachada.






Mais informações: IGESPAR, Monumentos, Wikipedia

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Falando superficialmente sobre interculturalidade...


O conceito de interculturalidade está relacionado intimamente com os movimentos migratórios, principalmente os que ocorreram no século XX. Apesar de a humanidade ter sempre vivido em deslocações entre territórios (umas épocas mais que outras), após a II Guerra Mundial, a desagregação do mundo colonial e da divisão bipolar do mundo surgira, diversos estudos sobre os fluxos migratórios ocorridos desde então quer sejam, intranacionais, quer sejam internacionais.
Neste contexto é que aparece o conceito de interculturalidade, que em síntese significa uma apreciação e valorização das diversas culturas que habitam em um determinado espaço, ocorrendo políticas públicas para uma interpenetração recíproca dos diversos elementos culturais constituintes das sociedades cosmopolitas. Essa “mistura”, por assim dizer, não acontece de forma intuitiva ou natural e é por isso, que o conceito de interculturalidade se distingue de multiculturalidade, enquanto aquele se refere a um conjunto de relações entre culturas distintas e também de políticas que favoreçam essa integração, esta se reporta a apenas a coexistência de várias culturas em um mesmo lugar e, por conseguinte, sem interpenetração entre si.
Contudo, há perigos a serem evitados quando se tenta por o conceito de interculturalidade na prática; um deles é ao propor uma apreciação e valorização do outro, pois, na relação centro e periferia, colonizador e colonizado pode acontecer uma valorização do Outro enquanto um ser exótico, algo fora do comum, mas sem de fato procurar perceber nesse Outro suas experiências, vivências e cultura.
Deste modo, podem-se identificar no documentário Os Lisboetas aspectos desses conceitos. Ao apresentar uma vida cosmopolita em Lisboa. O documentário realça o fato de ter havido um intenso fluxo imigratório, principalmente do leste europeu, mas também de regiões da África e de outras nações como Brasil e Índia. Essa presença heterogênea capital portuguesa não significou políticas eficientes de inter-relação entre essas diversas culturas e nem um Estado preparado para receber tantos imigrantes. Inocência Mata, discute estes aspectos, sobretudo em relação à presença de africanos em Portugal após as guerras coloniais. Segundo ela, houve um silenciamento desta época no discurso da nação, ou seja, passados mais de vinte anos, a sociedade portuguesa não discute nem se atém as consequências do fim da guerra colonial, sobretudo a respeito dos retornados.
No documentário temos exemplos de como não há política de interculturalidade no Estado português, os funcionários públicos que trabalham com estrangeiros não falam outra línguas além do português, as leis trabalhistas não contemplam igualmente os estrangeiros ou simplesmente não há fiscalização de como são tratados os imigrantes nas empresas. Assim, através do documentário, pode-se inferir que, em Lisboa há multiculturalidade, isto é, coexistência de culturas diversas, todavia não há uma relação intercultural, os portugueses muitas vezes ignoram a cultura dos imigrantes e estes em contraponto se relacionam mais com os seus compatriotas, não imergindo assim no mundo cultural em que habita, vivendo como estranhos de passagem.

Referências:
·         MATA, Inocência. ‘Estranhos em permanência: a negociação portuguesa na pós-colonialidade’. In Manuela Ribeiro Sanches (org.): Portugal não é um país pequeno. Lisboa: Ed. Cotovia, 2006, p.285-315.
·         Imagem extraída de: libcom.org
OBS: O documentário Lisboetas encontra-se no Youtube dividido em dez partes.

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