
Falando nesta permanência dos "braganças" no poder, não se pode deixar de realçar o papel das elites políticas brasileira, José Murilo de Carvalho em duas de suas obras lança argumentos para defender a elite política colonial como principal mentora e mantenedora da construção do estado brasileiro, sua unidade e sua centralização políticas. Autores como Oliveira Vianna falam que a colônia portuguesa da América até o século XVIII tinha grande descentralização político-administrativa, os senhores de terras é que mandavam em suas localidades, inclusive desde o início do processo de colonização, porções de terras foram doadas a capitães donatários, fragmentando o espaço territorial. Portanto, como é que uma grande porção territorial, fragmentada político-administrativamente, com grandes áreas despovoadas conseguiu ao criar seu Estado se manter unido?

O. Viana, Maria Odila e o próprio José Murilo indicam algumas características. Com a descoberta das minas auríferas no início do século XVIII em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a Metrópole passou cada vez mais a imprimir seu controle fiscal e subseqüentemente administrativo, esse maior controle da metrópole a colônia, centralizando os poderes nos presidentes da província, vinculados diretamente ao governador-geral no Rio de Janeiro deu início ao processo de centralização política e que foi assegurado no Império, sobretudo no reinado de D. Pedro II. Maria Odila cita ainda a interiorização da metrópole como fator agregador nacional, ou seja, com a vinda da família real, a metrópole se interiorizou no Brasil. A corte instalada no Rio de Janeiro adquiria terras no interior e muitos fazendeiros do interior foram para a capital, para estarem junto do rei, na corte e que sabe até adquirir um título nobiliárquico, prática comum durante toda a monarquia brasileira. Além destes elementos citados, José Murilo de Carvalho ressalta a escravidão como um dos principais elementos de unificação e coesão territorial. O Brasil sendo uma sociedade escravocrata tinha no mercado de escravos importante fonte de renda para muitos senhores, e ainda a quase única fonte de mão-de-obra. Membros da elite na época da independência até possuíam desejos abolicionistas, como por exemplo, José Bonifácio, contudo para essa elite o mais importante era a criação de um Estado forte, que mantivesse o território unido e que fosse capaz de bem administrar as províncias, assim a abolição da escravidão ou até mesmo a criação da República como alguns grupos defendiam se tornaram sinônimo de perigo, no caso do fim da escravidão, senhores de terras poderiam ocasionar revoltas locais, bem como o fato de ocorrer a República, os poderes locais poderiam se exaltar criando dificuldade na administração e até mesmo uma guerra civil, deste modo, a opção decidida, por parecer mais segura, foi um estado monarquista constituinte, com um monarca com poder moderador e que mantivesse a escravidão, base de todo o período monárquico que se seguiu.

Apesar de um período de turbulência no período regencial, caracterizado por forte descentralização política, o regime imperial se consolidou no reinado de D. Pedro II, onde alternavam no poder, liberais e conservadores, que na verdade realizava a política do imperador, período de grande liberdade de imprensa, fomento às ciências no Brasil e de elevação do espírito patriótico, sobretudo após a guerra do Paraguai, que, aliás, é deste período em diante que o império começa a ruir. Consolidada a unidade, a monarquia passou a ser vistas como atravancadora do progresso, os grupos abolicionistas exigiam o fim da escravidão, processo iniciado ainda na década de 1860, a República surge de novo como proposta, como sinônimo de progresso, saída para a estagnação brasileira. Este processo foi liderado justamente pelos militares que retornavam da Guerra do Paraguai. Depois de arranjos políticos, a escravidão ter sido abolida em 1888, o Império não conseguiu mais se manter e a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889 destituindo o poder monárquico no Brasil.
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