quarta-feira, 6 de maio de 2009

Crítica Histórica (Resumo interpretativo do livro Introdução à História de Marc Bloch - SEÇÃO III )

Nem todos os relatos históricos podem ser considerados verdadeiros e os vestígios podem ser falsificados, daí surge a dúvida que, para o historiador atua como mecanismo de distinção da realidade do fato histórico e permite diferenciar entre o verossímil e o inverossímil. Porquanto, a crítica na história surgiu no advento da idade moderna, ao se perscrutar a abundância de documentos falsos originários na Idade Média. Para a crítica comum, os historiadores só teriam que narrar as crenças comuns, tal como as fontes apresentam.

O autor expõe que a crítica aplicada só surge no século XVII tendo como principais fundadores Papebroeck (1628); Mabillon (1632); Richard Simon (1638) e Espinosa (1632). Essa geração experimentou a latência do espírito cartesiano, que consistia na dúvida racionalmente conduzida transformando-se em um instrumento de conhecimento.

A crítica, entretanto ao propor uma análise mais criteriosa aos testemunhos, não pode confundir os erros naturais da máquina humana, que só apreendem o mundo por meio do cérebro e que são suscetíveis as falhas da memória, com imposturas forjadas para alterar a compreensão do fenômeno histórico. Sendo assim muitos testemunhos podem, mesmo com a melhor das intenções, transmitirem de forma enganosa os fatos que presenciaram. É válido ressaltar que muitas vezes a invenção ou a aumento de informações acerca de determinado fato constitui-se em uma debilidade. No entanto para que o engano permaneça e se entranhe na mente de toda uma sociedade é necessário que haja uma situação que propicie esta falsa difusão do real.

Salienta-se que dentro de um fato estudado, dois historiadores não podem ter a mesma visão, pois nesse caso, um dos dois estaria mentindo, pois as coincidências têm seus limites. Para se construir um método crítico, Marc Bloch tenta elaborar um ensaio que parte do pressuposto de que nenhum fato pode se restituir sem estar inserido no tempo ou em uma determinada duração, por sua vez a argumentação orienta que o mesmo fato pode pertencer a mais de uma geração onde impera semelhanças de costumes e práticas, mas esta similitude não pode ser demasiada.

O fato pode apresentar semelhanças quando dois estudiosos se propõem a narrá-lo, mas se houver grande semelhança nos pormenores exposto por eles, torna-se concludente que ou um dos dois mente ou os dois estão mentindo. Deste modo, o processo de crítica perpassa estes dois limites: das semelhanças que condenam e das semelhanças que justificam.

“Um fenômeno humano é sempre um elo de uma cadeia que atravessa as idades”, com esta afirmação Bloch demonstra que existe uma relação intrínseca entre o tempo e o documento. É de conhecimento comum que um documento ou uma série de documentos não ilustram verdadeiramente o fenômeno histórico ocorrido, portanto a História como ciência tem nos limites do provável e do improvável uma variabilidade muito maior que as demais ciências.

O autor deixa claro esta posição no seguinte enunciado: “o passado é um dado que já não dá ao lugar ao possível” – logo a maior parte dos problemas da crítica histórica são problemas de ordem da probabilidade, visto que não é possível, mesmo com a crítica, relatar o passado dado exatamente como ocorreu. Depois da observação e da crítica, o passo seguinte é o da análise histórica.

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