Um pouco sobre os descobridores do sertão...
Capistrano de Abreu e Manoel Bonfim escreveram suas historias sobre o Brasil depois de Varnhagen e se contrapuseram a ele, Varnhagen foi criticado como um historiador contra o Brasil, um historiador da corte, um historiador dos portugueses e não dos brasileiros, entretanto por ocasião da morte de Varnhagen, Capistrano de Abreu irá reconhecer o talento, os esforços e a originalidade daquele que foi o primeiro a introduzir a crítica documental no Brasil.
Tratando-se da produção histórica propriamente dita, Capistrano de Abreu divergirá com Varnhagen em diversos pontos, do mesmo que Manoel Bonfim. Um tema em comum a estes dois autores e diferente não só de Varnhagen, mas também de outros autores entre o precursor da crítica documental e eles, é o sertão.
C. de Abreu afirmou que os historiadores da sua época só viram o Brasil a partir do litoral voltados para o além-mar, a Europa, e ele pelo contrário, tinha suas atenções voltadas para o sertão, onde o sol se punha e portanto de costas para o litoral. Ele irá caracterizar o sertão como uma terra onde não havia o predomínio lusitano (e também dos negros, que se pode ser lido nas entrelinhas), ou seja, o sertão era onde se constituía o verdadeiro Brasil, com pessoas afetuosas, com suas próprias leis e modos de vida, de certo modo esquecidos pelas elites e pela Coroa, mas que era a essência do que era o Brasil. Este autor via o interior do Brasil, terra de mestiços, como sendo o lugar de formação do Brasil, ele cita exemplos como a expulsão dos holandeses no século XII, uma expressão consonante da união do povo do sertão contra os invasores.
Já Manoel Bonfim, escreveu a partir desta perspectiva, entretanto de forma mais incisiva e mais poética, mesmo os dois autores, Abreu e Bonfim, terem vivido sua vida adulta no Rio de Janeiro, nunca deixaram de falar do sertão e do Nordeste, seus lugares de origem. Bonfim afirmava que o Brasil como nação já existia anteriormente ao Estado proclamado na Independência e essa nação eram os brancos e índios misturados, ou seja, os mestiços que sempre estiveram unidos nos momentos de conflito para defender o Brasil e cita o mesmo exemplo de Capistrano, quando fala da expulsão dos holandeses e vai mais além, diz que sem esses sertanejos do norte, não teríamos o Brasil, o que significa dizer que sempre o povo brasileiro deverá lembrar e honrar os feitos de seus compatriotas e fazendo a história do Brasil a partir das realizações de seu povo interiorano, como a já referida expulsão dos holandeses e também a insurreição pernambucana, a revolta de 1834 são também exemplos desse Brasil de que é pouco falado e estudado, para estes autores portanto, o Brasil é o sertão e vice-versa.
Marcadores: Práticas Historiográficas
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