domingo, 16 de agosto de 2009

Falando superficialmente sobre o índio a partir da historiografia brasileira...

O “índio” foi um tema bastante discutido na historiografia brasileira, assim como nos relatos de viajantes dos séculos XVI a XIX que por aqui passaram. Dentro destes relatos é possível destacar Gabriel Soares de Sousa e Pero Magalhães de Gândavo, este foi um dos que elogiaram a presença indígena na formação do povo brasileiro, exaltando os “verdadeiros” habitantes da terra do Brasil. Gândavo, sobretudo falava que se não fosse o conhecimento dos índios sobre o interior, os portugueses teriam bastante dificuldade em adentrar o sertão e conquistar novas terras, já aquele, apesar de salientar que a presença do índio é marcante no povo brasileiro, todavia maléfica. Sousa dizia que os índios eram preguiçosos, indignos de confiança, sem moral e que, mesmo sendo elemento fundamental para alcançar o interior, deveriam ser afastados, eliminados da sociedade, isto é, dos habitantes do Brasil de então, os únicos que deveriam formar o Brasil seriam os portugueses.



No entanto na historiografia que emergira no Brasil após a fundação do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), aparece novamente o índio como tema de acaloradas discussões. Historiografia me refiro aqui à produção de História feita no Brasil, sobre o Brasil e por brasileiros, e o IHGB será pioneiro nessa produção, tendo em vista que logo após a independência, a pergunta que irá pairar sobre os brasileiros será: que é o Brasil?



Para responder essa pergunta os escritores da época vão dizer que o Brasil é a miscigenação da civilização portuguesa com a coragem, a tenacidade, a força e o destemor dos índios. Da mesma forma que os escritores românticos do século XIX, como José de Alencar, diziam que a maior expressão do Brasil era o mameluco, essa fusão de brancos e índios. Os escritores do IHGB vão super exaltar o índio, sendo tema constante de suas revistas e estudos.


Contudo, em 1850 aparece no IHGB um personagem singular, Francisco Adolfo de Varnhagen, original pela sua crítica documental e que muitos afirmam que se Ranke está para a Alemanha, Varnhagen está para o Brasil. Ele foi um dos primeiros a escrever, ou tentar uma história geral do Brasil, seguindo os preceitos de Von Martius, que havia vencido um concurso do IHGB anos antes, sobre como escrever a História do Brasil, Von Martius em sua monografia aponta que a história do Brasil deverá ser escrita sob o tripé brancos, índios e negros.

Varnhagen em sua história sobre o Brasil delineia a figura indígena, sobretudo a partir dos escritos de /Sousa, entretanto, seguindo na contramão dos indianistas de sua época, Varnhagen, como explicita José Carlos Reis em seu livro: As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC, vê o índio como um elemento deletério na formação do Brasil, aliás, em sua escrita se percebe que ele fala de um povo indígena que já fora dizimado, os tupis foram de certa maneira bons para o Brasil, pois se “deixaram colonizar” pelos brancos. Varnhagen dizia que os tupis bons que viviam no litoral já não existiam mais, pois a miscigenação fez surgir o povo brasileiro, os mamelucos. Varnhagen contrapões os tupis do litoral com os tapuia do sertão, ainda se baseando nos escritos de Sousa, estes tapuia não serviram de base para a formação brasileira, pois eram rebeldes e hostis com os colonizadores.

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