Anotações Sobre o Candomblé... [4] (Sacerdócio, adeptos e iniciação)
Assim como em toda e qualquer instituição, um líder se faz necessário para dar direção a comunidade. Nas igrejas protestantes existem os pastores, no catolicismo, os padres, bispos, dentre outros. No candomblé isso não ocorre de forma diferente. Existem os chamados sacerdotes do candomblé: eles estão divididos de forma que cada um tem o seu papel específico.
Para um leigo na matéria, quando se fala de candomblé, os nomes dados aos chefes são “pai-de-santo” ou “mãe-de-santo”. Quem assim proclama não está totalmente errado. Mas na língua yorubá, usada nesta religião, o certo é Babalorixá ou Yalorixá. Fazendo a correlação temos Baba = Pai, Iyá = mãe e orixá = santo. Eles são sacerdotes e chefes de um terreiro de candomblé. São responsáveis por tudo o que acontece no culto e nada é feito sem as suas autorizações. É sempre assim, em cada terreiro têm-se um Pai ou uma Mãe-de-santo, com a função de consultar os orixás através do jogo de búzios. Esse jogo é realizado pelo chefe supremo do jogo de Ifá, o Babalawo. Sabe-se que desde a morte de Martiniano Bonfim, sacerdote supremo do culto de Ifá no Brasil, de 1943 para cá, a tradição afro-brasileira não tem participação ativa de um Babalawo. Só agora com os avanços tecnológicos e com a imigração voluntária de africanos para o Brasil, ouve-se falar de novos Babalawos.
Além dos sacerdotes citados, outros de grande importância merecem ser mencionados como: Babalaxé ou Iyalaxé – sacerdote (isa) e líder na sociedade. Esses títulos são dados aos ocupantes dos demais postos hierárquicos do terreiro. Também os Doté ou Doné – sacerdote de Voduns. Tateto e Mameto – sacerdote de Inkices. Bokomon – sacerdote do Vodum Fá. Babalossaim – Sacerdote de Ossaim. Babajé – Sacerdote do culto aos Egungum. Todos esses possuem funções específicas, mas todos estão preparados à assumir outros portos, caso um falte em seu trabalho. Um Babalaxé pode agir, caso necessário, como um Doné.
Mas nenhum líder trabalha sozinho. Ele conta com a ajuda de um grande número de auxiliares. Além da função sacerdotal, os sacerdotes do candomblé são responsáveis também em ser conhecedor das folhas sagradas, seus segredos e aplicações litúrgicas entre outras tarefas. É através do ritual de iniciação que a pessoa torna-se membro do candomblé. Esse ritual realizado pela yalorixá ou babalorixá tem como objetivo, introduzir a pessoa na comunidade sócio-religiosa.
É importante para a iniciação, saber o orixá da pessoa (o orixá que rege a cabeça da pessoa). O babalorixá antes de fazer o ritual deve consultar Ifá, o orixá da sabedoria, certificando-se sobre quem é o regente da pessoa. Caso aconteça de o regente da pessoa ser um e na consulta com Ifá der outro orixá, o indivíduo sofre graves prejuízos. Por que a harmonia com o orixá não será alcançada. Esse processo dura um longo tempo e pode ter custos elevados. O ritual da iniciação começa com uma oferenda a Exú, com o qual a pessoa é convidada no ritual de iniciação, tomar um banho purificador e usar uma veste branca como símbolo de pureza, de despojamento do mundo profano, recebe o colar de pedras com a cor do seu orixá, que fora preparado com antecedência pelo chefe do culto, num rito chamado: lavagem das contas.
O colar é lavado com diversas águas, plantas e sabão vegetal. Ficando um sinal na pedra do orixá, pois é pungido com sangue de um sacrifício. A partir deste momento, há uma ligação permanente e perene com o orixá e seu “filho”. Após este momento, o iniciado é chamado Abiá, o primeiro grau na hierarquia do candomblé. A utilização do colar é um sinal de submissão diante do seu orixá e também diante da yalorixá ou do babalorixá que conduz a iniciação.
REFERÊNCIAS DOS POSTS DA SÉRIE Anotações Sobre o Candomblé...
BERKENBROCK, Volney J. Experiência dos Orixás: Um estudo sobre a experiência religiosa no Candomblé. 1. ed. Vozes, 1998.
CANDOMBLÈ . Acesso em: 29 maio 2008
LIMA, Fábio Batista. CONCEITO DE CANDOMBLÉ . Acesso em 30 maio 2008
Marcadores: Religião
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