Entre o Karl Marxismo e o Bell Marquessismo
Parece-me satírico o título do texto, não obstante é do lúdico que emergem as idéias, pois a criatividade dos historiadores que prevalecem para demonstrar o contexto histórico em épocas diversas se apropriando das mais variadas fontes. O marxismo ainda é difundido em todo o mundo, sobretudo no Brasil desde os anos de 1930 autores utilizaram o materialismo histórico com afinco para tentar elucidar os estudos, onde o autor Caio Prado Júnior é expoente usando o método no livro intitulado: “Evolução Política do Brasil e Outros Estudos” (1933).
Mas, pela banda Chiclete com Banana ser muito popular, a brincadeira doravante começa no texto, devido às frases que o vocalista Bell Marques diz: “Chiclete é emoção”, “Chicleteiro eu, chicleteira ela, libera, libera, libera”. O Bell Marquessismo é algo inexplicável, mas vou tentar ponderar, pelo fato quem já foi ao Carnaval de Salvador ou na Micareta de Feira de Santana, entre outras festas pelo país pode verificar como é impressionante a multidão que acompanha o trajeto da banda. São as fontes áudios-visuais que se destacam no Bell Marquessismo, sendo um emaranhado de colorido e sons que espalham pelas ruas das cidades.
Aparece no texto de Karl Marx e Engels: “Crítica a Filosofia do Direito de Hegel” que “a religião é ópio do povo”. Já Bell Marques cita que “Chiclete é religião”. É perceptível que a palavra religião é polissêmica por isso abarca tanto o Karl Marxismo quanto o Bell Marquessismo, uma vez que a consciência das pessoas que importa para se livrar do proselitismo. Ambos os métodos catequizam, haja vista quem segue, muitas vezes não consegue enxergar o antagônico. O respeito às diferenças é fundamental abrindo espaço para outras concepções que da mesma forma dissemina conhecimento para ajudar na intelectualidade dos indivíduos e desvendar as mazelas que assola a sociedade. Porém são fascinantes: o marxismo e o marquessismo, de modo que existem pessoas que em suas lentes outras ideologias passam despercebidas.
A Mais Valia de Karl Marx é explicada pela quantidade de horas que os proletários trabalham gratuitamente para os burgueses e, posteriormente recebem um ínfimo salário que não condiz com os esforços. Os países desenvolvidos também são atingidos pelo problema, pois o capitalismo que norteia a economia mundial, não obstante as pessoas pobres dos países subdesenvolvidos que mais sofrem com o problema conseguindo corriqueiramente só suprir necessidades básicas.
Alhures, a Mais Valia de Bell Marques é ilustrada pelas horas trabalhadas pelos cordeiros para a banda Chiclete com Banana recebendo uma ninharia, além de socos, ponta-pé e empurrões para oferecer segurança aos foliões que pagam muito caro os abadas. De quando em vez se ouve o grito de Bell Marques: “um abraço para minha corda”. As classes marginalizadas acompanham a banda fora da corda, cantando e dançando ao som segundo Marques dos “Roling Stones dos Sertões”.
As classes antagônicas: burgueses e proletários são apontadas no egrégio trabalho de Karl Marx, visto que a luta de classes é o trunfo do seu método, ainda que sua escrita seja complexa, a leitura é atraente, que incita cada vez mais os leitores. O livro “18 Brumário de Bonaparte” ligado a História Imediata é um clássico que o autor escreve com maestria sobre a época em que vivencia.
A luta de classes do Bell Marquessismo constata-se nas pessoas que têm dinheiro para comprar o espaço dos percursos da banda pelas ruas, clubes ou quaisquer dos lugares que esteja, com o intuito da diversão, ou a denominação que quiserem, pois há dúvidas se pular atrás da banda independente da hora pode ser encarado como diversão, isso é possível verificar no carnaval da capital baiana e nos outros lugares que a música baiana alcança. Na maioria das vezes quem condiciona os eventos é a burguesia pelo fato de serem cobrados valores inacessíveis ao proletariado.
Na base da pirâmide estão as pessoas que estão impossibilitadas de adquirir o acesso a curtir conforme a mídia: “a maior banda de axé de todos os tempos” de perto, pois é preciso muita energia para se adaptar a multidão que acompanha a banda, isso nas festas nas ruas. Os indivíduos que não dispõem de recursos para comprar os acessos Vips: cordeiros e classes afins, ainda assim vão para casa feliz da vida, depois de acompanhar a banda aos trancos e barrancos, e se exaltam comentando “dei um murro num burguesinho”, quando Bell Marques cantou: “Tira sua saia bem rodada, que lá vem a batucada levantar poeira”, “Cara, caramba, cara, caraô... Vem viver o verão, vem curtir Salvador...”, “Oh maluquete de quem você é tiete, eu sou, sou tiete do Chiclete... Sou natural de Feira de Santana”, “E na palma da mão, todo mundo beleza... Meu bem quero te amar, com todo prazer quero seu beijo”, Oh nana eh, vem babanear eh oh, vem bananear eh ah, vem nana, naná”.
Karl Marx aborda que a estrutura econômica forma a infra-estrutura, enquanto a jurídico-político e a ideológica formam a superestrutura, porém o econômico é sempre determinante. Bell Marques afirma que há sim relevância na estrutura econômica para que os burgueses tenham dinheiro para curtir a banda Chiclete com Banana, frisa ainda que a infra-estrutura determine o jurídico-político e ideológico, o que vale é o dinheiro para comprar tudo e todos os indivíduos. Então o marxismo e o marquessismo atingem uma totalidade social.
Para o Karl Marxismo não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência. O autor conduz os escritos com fineza para fixar nas pessoas o papel da consciência. Já o Bell Marquessismo estar pouco preocupado com a consciência dos homens e das mulheres, quer conseguir seguidores, que sua música chegue até as massas, quer ganhar mais e mais dinheiro. De um lado, os ricos, do outro, os pobres que se contentam em ouvir as canções no período fora de festa carnavalesca e micaretesca, entre outras, somente então se tornando audível pelas quantidades enormes de CDS piratas disseminados pelas cidades, onde o “Feiraguai” é o epicentro da pirataria.
Bell Marques é incisivo ao falar que existem três torcidas na Bahia, quais sejam: a do Esporte Clube Bahia; a do Esporte Clube Vitória; e a miríade de torcedores do Chiclete com Banana. Isso até aqui, é um simples diálogo entre o Karl Marxismo e o Bell Marquessismo, uma tentativa de interface. Enfim, “Não vou chorar, nem vou me arrepender, seja eterno enquanto durou, foi sincero nosso amor, mas meu texto chegou ao fim, oh, oh”.
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