quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Falando superficialmente sobre a Independência do Brasil... [1]

As margens do riacho Ipiranga o príncipe regente bradou: Independência ou Morte! Esta imagem ainda é símbolo da independência do Brasil, entretanto, ela não foi ícone do 7 de setembro desde o início. Noé Freire em A invenção da nação salienta que as simbologias do marco de independência, como o próprio 07 de setembro, foram forjados ao longo das primeiras décadas do império. O grito do príncipe regente, o cavalo, a data, o sentimento de D. Pedro fora o grande responsável pela libertação nacional foram construídos principalmente por uma historiografia cujos autores estavam atrelados ao regime monárquico, seja como funcionários deste, como foi o caso do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico do Brasil) ou também como simpatizantes da monarquia.


Um dos primeiros escritos que aparece sobre o processo de separação de Portugal é de 1827, encomendado pelo próprio imperador D. Pedro I. Este relato serviu de base para as outras produções subseqüentes que trataram do movimento de independência brasileira, desde então, o 07 de setembro ganhou projeção como baliza na fundação do estado independente brasileiro. José Francisco Adolfo de Varnhagen e Oliveira Lima foram autores que defenderam a monarquia e admitiam a independência como um sentido natural do desenvolvimento da colônia. Varnhagen, que escreveu em 1850, foi o primeiro a elaborar uma história geral do Brasil, grande simpatizante da monarquia e do imperador e diplomata brasileiro no exterior, escreveu sua obra afirmando que a colonização lusa fora benéfica às terras brasileiras e que a separação política se deu no momento em que o Brasil como colônia já não admitia estar sob o jugo português. Vale ressaltar que no momento da independência, o Brasil já era Reino Unido a Portugal.




Oliveira Lima, que também foi diplomata no exterior, elaborou sua obra no contexto do primeiro centenário da independência, portanto, em meio à república, proclamada há pouco mais de duas décadas, Lima faz um elogio à monarquia brasileira denominando-a de "democracia coroada" sendo ela mesma responsável pela emergência do estado de república, ainda segundo Lima, a monarquia e sua independência foram processos pelos quais o Brasil apesar de romper politicamente, manteve as qualidades adquiridos no período da colonização, conseguiu manter seu território unido e coeso e um espírito de ordem e civilização, ao contrário dos países de colonização castelhana, que logo se tornaram repúblicas, no entanto, sempre envolvidas em guerras civis e disputas locais.

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