quarta-feira, 4 de maio de 2011

Um pouco de sociedades e economias do regadio...

As sociedades e economias do regadio desenvolveram-se, sobretudo a partir do desdobramento da chamada revolução urbana. A revolução urbana gerou um certo florescimento de cidades com mão-de-obra especializada (artesãos em geral), mas não constituíam uma rede interligada com outros centros e até mesmo com o campo, é justamente com a aparição e aperfeiçoamento de técnicas e tecnologias para a irrigação do solo para a agricultura e abastecimento de água para toda a população que estas cidades se metropolizaram, tornando-se “cabeças” dentro de um sistema onde a produção do campo passava a ser comercializada na cidade e esta a redistribuía, o poder político baseado fortemente na religião era o responsável pela construção de diques, aquedutos, canais de irrigação, barragens, etc.




A economia do regadio sustentava-se, portanto na produção de alimentos pela agricultura. Produção esta que com o desenvolvimento hidráulico gerava cada vez mais excedente e vai criando o que Darcy Ribeiro chamou de Impérios Teocráticos do Regadio, este autor ainda cita alguns exemplos: os impérios que surgiram na Mesopotâmia por volta de 2000 a.C; os impérios médio e novo do Egito; maias, astecas e incas na América pré-colombiana; as civilizações antigas da Índia e da China, dentre outros. Darcy Ribeiro coloca que de forma geral todas estas comunidades passaram pelo processo de regadio, algumas com maior ou menor intensidade.





Esta ampliação da capacidade de produção com crescimento demográfico gerou uma necessidade de defesa militar, surgindo assim um outro estrato da sociedade para além dos burocratas, sacerdotes e camponeses. Surgia o exército. Com o passar do tempo e modificação das necessidades das comunidades, surgimento de técnicas de guerra como armas de ferro e carruagens com rodas reforçadas, os guerreiros locais passaram a exército do Estado, tendo em vista que a população camponesa era sedentária e estava ligada a produção se fazia necessária a constituição de um corpo permanente de defesa das obras públicas e posteriormente ao ataque de novas áreas e manutenção destas. Esta nova divisão da sociedade gerou um substrato subversivo, que são os próprios militares, estes muitas vezes vieram a defrontarem com o Estado e até mesmo assumindo o poder.





Outra camada importante da população era os sacerdotes. O poder da religião nas sociedades do regadio era imenso, pois além de serem os representantes oficiais do Estado para lidar com as questões sobrenaturais e suas relações com a população, participavam ativamente das decisões do alto poder do Estado, possuíam terra, ferramentas e escravos. As construções de templos e túmulos requeriam grande força de mão-de-obra em sua maioria compulsória, não pagavam impostos.






São estas características que vão levar a decadência destes impérios: a alta taxa de impostos cobrados a população para custear a vida dos sacerdotes e da alta burocracia estatal, um exército com cada vez mais autonomia e em disputa de poder com funcionários reais e constantes ameaças e invasões de outros povos. Darcy Ribeiro sustenta a tese de que estas invasões e conseqüente dominação de povos estrangeiros se deram por conta do crescimento do sentimento de não pertencimento surgido nas classes subalternas e facilitou a entrada de invasores e ruindo estas sociedades.



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