Análise Histórica (Resumo interpretativo do livro Introdução à História de Marc Bloch - SEÇÃO IV - fim)
Dentro da análise histórica, a autor propõe a seguinte indagação: julgar ou compreender? Para isso é necessário que se esclareça o significado destes termos. Consultando o Aurélio, é dado como um dos significados para a palavra julgar: decidir como juiz ou árbitro, pronunciar sentença, sentenciar; e para a palavra compreender pode-se sublinhar as seguintes definições: alcançar com inteligência, perceber, alcançar as intenções ou o sentido de. Com isto, fica clara a intenção de Marc Bloch em afastar o método histórico das ciências exatas que são o modelo do método positivo.
O espírito inovador da geração francesa do meado do século XX é percebido quando não só Marc Bloch, mas também Lucien Febvre e posteriormente Fernand Braudel, discutem os problemas referentes à análise, a crítica e à observação histórica passando a propor uma História que compreende e não sentencia o passado, lançando as bases para a construção de uma nova concepção histórica da História.
Assim, a palavra compreender deve ser o ponto de partida para àqueles que se propõe a arte de estudar História, pois toda ação humana tem sentido e “a história trata justamente de seres capazes, por natureza, de fins conscientemente procurados”. Os estudiosos dos fatos humanos precisam agir como sábios que vão atrás da compreensão, para poderem experimentar o imenso conjunto de conhecimentos individuais ou específicos que constituem aquisições vantajosas acumuladas historicamente pela humanidade.
Toda ciência é constituída por um objeto ou matéria, mas é também igualmente necessário um homem para que haja ciência. O historiador é aquele como em toda ciência, escolhe os objetos a serem estudados e os analisa afim de que possa encontrar semelhanças entre eles. Mas sobre os fragmentos estudados para remontar algum fenômeno passado, nunca será possível que da reunião deles o homem possa configurar o todo, nem mesmo os próprios fragmentos, não obstante, a construção científica está paralelamente ligada ao ato de separar mentalmente os elementos de uma totalidade, os quais só mentalmente podem subsistir fora da realidade.
É desta maneira que o fim da História poderia ser o estudo das consciências humanas, lembrando que o historiador nunca deve sair do tempo, mas por necessidade lhe é permitido transitar entre a duração dos fenômenos e a duração das consciências, deste modo o estudo pode ser do homem político, do homem econômico, do homem religioso, etc. Mas sempre do homem, que pode ser todas essas coisas ao mesmo tempo, por isso estudar as sociedades em seus aspectos particulares constitui-se um ato legítimo.
O historiador fala unicamente por palavras, e quase exclusivamente pela linguagem de seu país, conhece-se uma sociedade principalmente por seus escritos, excetuando-se os testemunhos materiais. O que ocorre é que a mudança do vocabulário e sua semântica não acompanham os fenômenos da História, ocasionando muitas vezes para o historiador em obstáculos na compreensão dos fatos humanos.
Entretanto nem todas as sociedades tiveram ou têm condições de passar seus escritos para a posteridade e ainda na história acontece que por se tratar de múltiplas linguagens e em vários tempos, é impossível determinar um conjunto de palavras que possuam o mesmo significado em qualquer tempo e em qualquer geração, muito menos de uma civilização a outra, ou seja, na História é impossível fixar uma nomenclatura como acontece na Química ou Biologia que possuem seus códigos já estabelecidos.
Marc Bloch analisa a História como uma ciência concebida por gerações que variam entre períodos curtos e longos. O fato histórico e sua relação com o tempo perpassam pelos acontecimentos (tempo curto), pela conjuntura (tempo médio) e pela estrutura (tempo longo). Apenas a observação permite atingir o lugar fixo e determinado onde os significados das coisas podem mudar de orientação.
Marcadores: Práticas Historiográficas
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