quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pelo Ocidente Medieval... Os Bárbaros

GUERRAS, Maria Sonsoles. Os povos bárbaros. 2. ed São Paulo: Ática, 1991. p. 5 a 40

O conceito “povos bárbaros” foi primeiramente utilizado pelos gregos para definirem todos aqueles que não pertenciam ao mundo helênico, os romanos posteriormente adotaram esse termo para designar todos aqueles que não eram romanos, portanto bárbaros passou significar: aqueles que não pertencem ao mundo românico. Existe grande dificuldade em identificar a origem destes povos bárbaros, mas a conceituação mais aceita é de que eles em sua maioria eram povos nórdicos que por causa das intempéries e por fuga de outros povos tenham migrado da península escandinava em direção às terras do sul que eram mais férteis. O texto de Maria Sonsoles Guerra procura demonstrar que diferentemente do que outrora foram afirmados sobre os povos bárbaros, que teriam sido a única causa do fim do esplendoroso império romano, os bárbaros deram um novo formato ao já então decadente império, trazendo suas praticas culturais, suas tecnologias agrícolas e militares. Desta forma, os bárbaros não seriam a causa primeira da ‘queda de Roma’, mas a sua aceleração.

Existe duas formas mais comuns de se classificar os povos bárbaros, quanto à língua e quanto à localização geográfica, a partir língua se tem o seguinte esquema: germânico continental (francos, alamanos, bávaros, lombardos...); germânico do mar do Norte (anglo-saxão, frísio) e talvez um germânico do Elba; por fim, godo-escandinavo (dialetos nórdicos e ósticos na classificação tradicional). E também existe a diferenciação geográfica, onde se podem dividir os povos bárbaros em germanos ocidentais e os setentrionais e orientais.

Maria Sonsoles Guerra utiliza como fonte para estudar os povos bárbaros a obra de Tácito, Germania, segundo ela, talvez em muitas das informações fornecidas por Tácito são provenientes de relatos antigos e não do contato direto do auto, mas também ele se utiliza de materiais contemporâneos à época. Para a autora esta obra é “imprescindível para a compreensão da civilização bárbara”.

“Os germanos desconheciam estado e cidade”, ou seja, os povos germânicos mantinham outra organização social, baseada na comunidade, na tribo, no clã, quer dizer, os laços de sangue é que definiam a razão de ser dos indivíduos. A estrutura social era definida basicamente pelos homens livres, os guerreiros; depois os semilivres, oriundos de povos conquistados e enfim; os escravos domésticos ou dedicados ao cultivo das terras, os escravos não faziam parte do povo germânico.

A sociedade germânica era politicamente sustentada pelo caráter militar, as tribos estavam sempre em guerra. “Uma das principais atividades dos germanos estava ligada à guerra: a metalurgia das armas, arte na qual eram insuperáveis”, os motivos principais dessas tribos eram de ordem militar, a hierarquia social caracterizava-se por uma instituição essencialmente guerreira, o séquito (comitatus), que era formado pelos jovens guerreiros e que era liderado por chefes hereditários ou por ricos. O poder quase total destes grupos, no entanto só era exercido nos tempos de guerra, em tempos de paz este comitatus, desfrutava apenas de seu prestígio social, pois o verdadeiro poder pertencia à assembléia dos homens livres.

“Os germanos eram simultaneamente guerreiros e camponeses”, a partir desta definição da autora, apreende-se que apesar de caráter militar destas tribos, elas também cultivavam o solo. Os germanos se lançavam muitas vezes a guerra com o objetivo de novas conquistas e aquisição de mão-de-obra servil, na época das colheitas, as guerras eram interrompidas. Os germanos viviam da pecuária e da agricultura juntamente com a pesca e a caça, como o solo se desgastava devido às técnicas rudimentares que os germanos usavam no plantio, estes povos eram seminômades, sempre em busca de terras mais férteis. Segundo Sonsoles, talvez estas sejam também um dos motivos das migrações destes povos em direção sul, onde havia terras mais férteis. Dentre outras práticas econômicas, era bastante desenvolvida a ourivesaria, já a tecelagem e a cerâmica constituíam as principais formas de artesanato, mas dentre estas técnicas, a que mais se sobressaía era a metalurgia, como já vimos, por ser de suma importância à guerra.

“É difícil afirmar se houve uma unidade religiosa entre os germanos”, o que é de conhecimento é que eram os chefes de família domésticos que dirigiam os sacrifícios, as mulheres tinham lugar de destaque como profetisas ou mágicas. Eles não possuíam templos, realizando seus rituais nos bosques sagrados, picos de montanhas ou próximos de fontes ou arvores, “os germanos adoravam essencialmente a natureza e suas forças, que atuavam como em um campo de batalha em defrontavam os deuses”.“A produção artística e cultural dos germanos estava profundamente interligada ao seu espírito guerreiro”, várias epopéias contavam as conquistas e feitos dos germânicos, o poema dos nibelungos foi orquestrado pelo compositor alemão Wagner, no século XIX, este poema é uma expressão significativa da epopéia germânica. A ourivesaria como já citado, foi uma das manifestações mais importantes dos germanos.

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