quinta-feira, 4 de março de 2010

Anotações sobre a Independência da Bahia...

Durante o período em que o Brasil se constituiu como Império e que Tavares define como “período monárquico constitucional unitário”, a Bahia foi palco de vários movimentos e rebeliões de caráter antilusitano e federalista. Um dos primeiros conflitos com esse caráter se deu logo na proclamação da independência por D. Pedro I no Rio de Janeiro, os habitantes da província da Bahia não queriam se tornar submissos aos fluminenses e exigiam garantia de autonomia, com seu próprio executivo, legislativo e judiciário, contudo permanecendo unida ao Rio de Janeiro.
A independência na Bahia também viera de forma tardia, haja vista que Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais já estavam sob domínio de D. Pedro I como imperador do Brasil, a independência aconteceu somente em 1823, quase um ano após da declaração de independência. O exército baiano expulsou as tropas portuguesas da província, exigindo que não houvesse nem comandantes nem soldados portugueses no exército e no governo da Bahia.



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Batalha de Pirajá por Carybé

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Outra questão é que havia muitos cidadãos baianos temerosos a respeito do possível retorno do Brasil à condição de Reino Unido, tendo em vista que o imperador D. Pedro I havia abdicado o trono português em favor de sua filha D. Maria da Glória, mas esta ainda era menor de idade, o que poderia então levar D. Pedro através de uma manobra política se tornar Rei de Portugal e Imperador do Brasil, esta tensão desencadeou um movimento político antilusitano denominado Mata-maroto, os brasileiros culpavam portugueses por tudo e saíam nas ruas atacando-os no que poderíamos caracterizar como breve e localizada guerra civil na capital e no recôncavo.

D. Pedro I abdicou em 1831 e o movimento antilusitano continuou, alcançando as vilas de Santo Amaro e Cachoeira, o vice-presidente da Província chegou até a declarar a deportação de todos s portugueses que tivesse mais comprometidos com o Imperador. Estes acontecimentos de descontentamento com a presença dos portugueses levaram para um amadurecimento das idéias políticas, ocasionando que já em 1831 o termo federação começou a veicular pela província, isto é, união das províncias ao governo central, todavia em caráter que lhe permitisse autonomia nos três poderes.


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Tropas em Cachoeira
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A intensificação dos movimentos federalistas se deu nos movimentos armados de 1832 em São Félix e Cachoeira e em 1833 em Salvador, ambos liderados pelo Capitão Miliciano Miguel Guanais Mineiro. Este capitão com os seus soldados e apoio de diversas autoridades convocou uma Câmara afim de que fosse proclamada a Federação da Província d Bahia, que foi aceita e que tinha as seguintes características: autonomia de federação, unidade com o governo do Rio de Janeiro, dentre outras, contudo muitos proprietários do recôncavo não apoiaram o movimento ajudando ao Vice Presidente da Província a reunir tropas e cercar Salvador, até que Guanais, o que não findou o processo federalista.


Os prisioneiros foram levados para o Forte do Mar (atual São Marcelo), onde decorridos alguns dias conseguiram tomaram o forte e declarar guerra, apontando os canhões para a cidade, hasteando uma bandeira inspirada na bandeira dos Estados Unidos com listras brancas e azuis paralelas verticalmente, entretanto, não obtiveram apoio e resistiram por apenas três dias. O último movimento armado na Bahia foi a Sabinada, que recebera este nome por causa do seu principal líder Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira.

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Abadessa Joana Angélica

-->Os revoltosos logo tomaram os principais pontos estratégicos das cidades, isso em 07 de novembro de 1837, declarou a Bahia desligada do governo central e um Estado livre e independente. Apesar da rápida conquista, o movimento ficou imóvel depois de tomar a cidade do Salvador, o que deu espaço para que os proprietários do recôncavo com bastantes recursos financeiros conseguissem homens e armas a fim de retomar o governo da Província.

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Rio Vermelho (século XIX)


-->Sem alternativa depois do cerco a cidade, muitos participantes do levante acabaram por acatar a Monarquia em detrimento ao ideário de República, mas mantendo a Bahia livre e independente até a maioridade de D. Pedro II, era contra a regência de Araújo Lima, contra a submissão administrativa e política da Bahia ao Rio de Janeiro e, sobretudo contra a centralização política.



Em 1838 se deu início a derrocada do movimento, com um cerco de 4000 mil homens as tropas foram tomando à cidade da Bahia a partir de pontos estratégicos até chegar ao Forte de São Pedro, que se rendeu e a província baiana ficou sob jurisdição militar até pouco depois da maioridade de D. Pedro II, quando aconteceram muitos atos de organização e reorganização administrativa. Após estes fatos que marcaram o início do período imperial, os ideais republicanos federalistas só voltariam a aparecer com intensidade no período final da Monarquia no Brasil.


TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. 7. ed. Ática: São Paulo, 1981. p.141-148.

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