Relação entre limites e indisciplina na escola, a partir das contribuições da psicanálise...
O capítulo A organização genital infantil (uma interpolação na teoria da sexualidade) apresenta alguns resultados das pesquisas sexuais das crianças desenvolvidas pelo autor. O texto apresenta-se como uma seqüencia da obra Três Ensaios e retoma aspectos importantes da construção da sexualidade infantil. Para Freud as correntes sexuais são dirigidas “para uma única pessoa em relação à qual elas buscam alcançar seus objetivos”, ele ainda propõe que a única diferença está na combinação dos instintos parciais e sua subordinação para com os órgãos genitais os quais são estabelecidos de forma incompleta e a última fase só é realizada através do serviço da reprodução quando acontece a organização da sexualidade.
O texto aponta as principais diferenças da organização genital infantil da organização genital final do adulto, mostra que há no início uma fase fálica e que chega um momento em que as Crianças descobrem que o pênis não pertence a todos seus semelhantes. Entretanto, a priori, as Crianças rejeitam o fato de que algumas pessoas não possuam o pênis, elas crêem que um dia possa crescer ou ainda que, no caso de algumas mulheres, o pênis foi castrado. Freud explicita que esta fase, a fase da castração é uma fase intermitente para a construção da organização genital final do adulto, mas que “o significado do complexo de castração só pode ser corretamente apreciado se sua origem na fase da primazia fálica for também levada em consideração”.
Em relação às meninas, o autor afirma que pouco se sabe sobre a organização genital feminina, mas aponta características semelhantes ao dos meninos, mas de maneira invertida: enquanto os meninos acreditam em uma determinada época que podem por algum motivo podem ser castrados e o fato de algumas mulheres não possuírem o falo é porque foram castradas, as meninas crêem que seu pênis ainda não cresceu, bem como os das mulheres, que por algum motivo o crescimento do pênis foi retardado. A conclusão do capítulo se dá através da explicação que a masculinidade ocorre antes da feminilidade, e que a maturação do desenvolvimento de ser masculino ou feminino coincide com a puberdade.
É principalmente neste aspecto que os conhecimentos em psicanálise podem vir a ajudar o educador na sua lida diária em sala, ao se confrontar com situações específicas na vida das crianças, como a passagem da infância para a adolescência, isto é, a puberdade, o educador deve estar atento que há uma excessiva energia que se acumula nos organismos dos pré-adolescentes, sendo assim, deve propor atividades para que os alunos possam gastar essa energia. Atividades que lúdicas que os motivem a interagirem entre si e também a refletirem sobre a própria condição de forma alegre e sutil.
O professor deve estar ciente da posição em sala de aula, manter sempre uma boa relação com os alunos, mas deve ser claro no que diz respeito à disciplina e indisciplina em sala de aula. Contudo, é bem provável que devido à experiência dia-a-dia entre alunos e professores levem a uma interação recíproca, desde que o educador se proponha a tal feito, mesmo que os alunos de maneira geral se neguem a participar das atividades, a relação afetiva se faz não só nos muros da sala de aula, são necessários que se explorem todos os espaços da célula escolar, assim os alunos podem ganhar mais confiança e vive-versa. Desta forma a teoria psicanalista ajuda muito, pois o professor, tendo algumas pré-noções básicas, pode desenvolver atividade que leve os educandos a quererem participar e se descobrirem motivados.
FREUD, Sigmund. Volume XIX (1923-1925), O Ego o Id e outros trabalhos. Tradução Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, [19--]. P. 179-184.
FIAUX, Cristiane; CLEN, Oziléa. O que mantém educadores e alunos na escola? Contribuições da psicanálise para a educação. Disponível em Acesso em 16 janeiro 2010
Marcadores: Educação
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