quinta-feira, 29 de março de 2012

Aspectos Metodológicos acerca da História da África...

Em meados da década de 1950 ocorria no continente africano uma série de processos emancipatórios nos países que, no período que comumente denominamos imperialismo (fim do século XIX e início do XX), foram colônias de países da Europa. Imbuído neste contexto História da África passou ser admitida como campo de investigação e reconhecida como disciplina nas academias ocidentais. É importante salientar que parte dos intelectuais que fizeram parte desta emergência da História da África como historiografia reconhecida, também estavam envolvidos na luta e defesa das independências das colônias africanas.
A noção do que estava acontecendo no continente africanos neste período dá pistas para entender a defesa de Ki-Zerbo na introdução da coleção História da África produzida pela Unesco, ele afirma que fazer História da África é escrever a História Geral. Isto quer dizer que não se trata de uma História Local ou Regional, mas sim entender como uma “História do Mundo”, uma História de afirmação, percebendo a África “por dentro” dela e suas relações, formações, etc. com as transformações dos homens e mulheres no tempo e no espaço global.
Ainda tomando o Ki-Zerbo como referência, para estudar a História do continente africano é preciso ter em mente as dificuldades que são encontradas, a principal dela é o fato de muitas sociedades encontradas em África serem eminentemente orais, ou ainda, mesmo naquelas que possuem letramento, a palavra falada tem suma importância na formação das relações sociais. De um modo geral, a palavra falada tem grande respeito entre os africanos, a palavra cria ou desfaz as coisas. Daí o Ki-Zerbo entender que em África os documentos escritos e as tradições orais estarem em igual importância na hora da investigação histórica.

Esta forma de estudar História, para as sociedades modernas (aquelas que passaram pelo processo de Rev. Industrial) constitui em inovação metodológica, pois nestas sociedades industriais, a palavra escrita tem mais valor e cárater de verdade do que a palavra dita; isto não se aplica, como vimos à maioria das sociedades africanas. Um dos textos que explicita bem essa relação é o do Hampatê Bá, ao tratar dos Doma e dos Griots, ele informa como se dá a formação destes depositários de cultura, ou seja, mensageiros da palavra que guardam as tradições de determinados grupos. Para se ter ideia da importância destes guardiões, o pesquisador Muller que estudou o Reino de Angola, conseguiu por meio dos griots, (lembrando que apesar de funções semelhantes, os griots variavam de acordo a região) principalmente através das genealogias, cantadas alcançar a o século XVI.


Entretanto, nem sempre as tradições orais conseguem dar conta do passado, principalmente dos períodos mais distantes de nossa contemporaneidade, deste modo a Arqueologia é uma ciência fundamental para nessa interdisciplinaridade com a História, que através do estudo da cultura material pode-se conjeturar como viviam as sociedades em tempos mais longínquos.
Partindo dos comentários anteriores é possível inferir que a História da África pode ser estudada a partir da interlocução de tipos variados de fontes (Documentos escritos, traduções orais, cultura material). E que a elucidação de questões sobre História da África não são respostas locais, mas sobretudo a construção da história Geral.
REFERÊNCIA:
HISTORIA geral da África. São Paulo: Ática; [Paris]: Unesco, 1982.

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