terça-feira, 16 de março de 2010

O poder volta ao Centro de Salvador...

Palácio do Rio Branco


Após três décadas, o Centro de Salvador volta a ser palco das decisões político-administrativas do Estado. A mudança se dá com a reabertura do Palácio Rio Branco - após uma reforma em sua estrutura - e com o desejo do governador Jaques Wagner de despachar no local. A intenção é que isso aconteça duas vezes por semana. Primeira sede do governo no Brasil, a história do Rio Branco começou em 1549, com a fundação da cidade pelo governador-geral Thomé de Souza.

A expectativa é que o Centro ganhe ainda mais força com a reabertura também do Palácio Thomé de Souza. A previsão é que o prefeito João Henrique volte a despachar no local a partir do próximo dia 29.





Ontem, através de sua assessoria, o governador confirmou que vai expedir demandas no palácio tão logo o espaço seja reinaugurado. Essa seria uma forma de “manter vivo” o local e de “dinamizar” a revitalização da área, que é de suma importância para a cidade. Ainda segundo a assessoria de Wagner, para que a ideia seja concretizada, falta apenas um estudo de logística, que envolve o funcionamento do gabinete do gestor, a exemplo dos serviços de cerimonial e segurança. A previsão é de que o Palácio seja reaberto entre os meses de abril e maio.

Fatos marcantes retratam a história do Palácio Rio Branco, a exemplo do bombardeio efetuado em Salvador, a mando do presidente da República Hermes da Fonseca, em 10 de janeiro de 1912, sendo a casa nobre um dos pontos mais atingidos da capital baiana. Depois da reconstrução, o local foi reinaugurado pelo governador Antônio Ferrão Moniz de Aragão, em 1919, quando passou a ser chamado de “Rio Branco”. Marcado por detalhes da arquitetura neoclássica o atual palácio passou por uma grande ampliação em 1949.


Elevador Lacerda e Palácio do Rio Branco


De acordo com historiadores, o anseio de Wagner em usar o palácio, além de reacender a função original do local, perdida no ano de 1979 com a transferência da sede do governo para o Centro Administrativo da Bahia, traz de volta a valorização do centro como arena de encontros e fatos políticos.

Segundo a historiadora Consuelo Pondé, com essa escolha o gestor estará também relembrando a figura do ex-governador Otávio Mangabeira, que despachava no palácio todas as quartas-feiras. “É uma forma de se aproximar mais do povo e do coração da cidade”, disse.





Importante espaço político baiano

Pondé enfatiza que ali foi um local marcado pela presença de importantes governadores, sendo, em seu primeiro aspecto, sede dos governos brasileiro e baiano. “Com a mudança para o Centro Administrativo da Bahia, o governador ficou muito distante do povo. Essa visita da autoridade nem que seja uma vez na semana traz um forte efeito simbólico”.

Para o historiador Ricardo Carvalho, essa é uma forma de valorizar a história, a cidadania e o vínculo com o passado, que, segundo ele, andava esquecido. “Ao longo dos 461 anos da cidade, o Centro Histórico assistiu a momentos importantes como o dia em que nós expulsamos os holandeses da cidade. Lembremos que aquela área foi o primeiro núcleo de povoamento da cidade, da primeira sede administrativa – local de grandes deliberações e movimentos políticos”, afirmou.

Câmara de Vereadores de Salvador


Atualmente, o Palácio Rio Branco abriga a Fundação Cultural do Estado (Funceb) e a Fundação Pedro Calmon (FPC), unidades da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). A reforma do espaço é fruto de investimentos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) custeados através de um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A ação está sendo coordenada por técnicos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac).



Palácio Tomé de Souza


Thomé de Souza será reaberto dia 29

Além do Palácio Rio Branco, quem também vai reabrir suas portas é o Palácio Thomé de Souza – sede do governo municipal. O local está fechado para reformas há mais de seis meses e será reinaugurado no próximo dia 29, data do aniversário da cidade.

Desde a sua projeção pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o “Lelé”, e construção, em maio de 1986, que o Thomé de Souza não passava por reformas em suas estruturas. Construído em estrutura de aço e vidro, numa área de dois mil metros quadrados onde antes funcionavam um estacionamento e um jardim, suas obras foram inauguradas pelo então prefeito Mário Kertész. A construção do prédio pós-moderno surpreendeu pela rapidez, sendo completamente edificado em 35 dias.

Na obra foi utilizada uma técnica especial de placas de aço parafusadas, tudo calculado milimetricamente para se encaixar. Destacou-se ainda a montagem de 350 metros quadrados de vidros e esquadrias em apenas 24 horas.





O prédio de dois andares, inserido na primeira praça do Brasil, se destaca por se fazer presente em meio a construções de épocas diferentes, como o próprio Palácio Rio Branco, o Elevador Lacerda e a Câmara Municipal de Salvador.

Degradação - A área onde hoje funciona o Legislativo e o Executivo de Salvador tem passado por uma longa fase de degradação e esquecimento. Quem passa principalmente à noite pelo local presencia, com frequência, roubos e a degradação de pessoas viciadas em crack, entre elas muitos jovens e crianças.

Segundo autoridades policiais, o Centro da Cidade, desde o Pelourinho até a Praça Municipal, está entre os locais preferidos devido ao elevado número de turistas que circulam pela área.



Fonte: Tribuna da Bahia


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