domingo, 6 de novembro de 2011

Anotações sobre o Imperialismo... [1]

HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 87-124.


Este capítulo de A Era dos Impérios traz logo no início a justificativa do título: nunca em outro momento da história houve tantos líderes políticos que se auto intitularam imperadores, e também época em o colonialismo ganhou feições mais intensas e diversificadas. Meia dúzia de Estados dominavam imensas áreas continentais. Hobsbawm coloca no rol dos Impérios deste período as seguintes nações: Turquia, Alemanha, Áustria, Rússia e Grã-Bretanha na Europa; China, Japão, Pérsia, Marrocos e Etiópia, na Ásia e África e; nas Américas, até o ano de 1889, sobreviveu o imperador do Brasil.
Contudo, no que se refere a atuação imperialista como fora definida em fins do século XIX, isto é, extensão de domínio político, econômico e cultural em diversas áreas, as nações de economia central europeia tiveram mais êxito na “partilha do mundo”, a saber: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica. Salvo duas exceções, os EUA, orientados pela Doutrina Monroe mantinha a América como objeto de proteção as potências europeias e, por conseguinte, atuaram indiretamente na defesa dos países americanos e em alguns casos de forma direta (Cuba, Porto Rico) e o Japão, que conquistaram militarmente regiões chinesas.
O autor faz longa explicação de como as regiões continentais foram, ao longo do fim do século XIX e início do XX, disputadas, repartidas e conquistadas por estas nações. A única exceção desta grande distribuição de áreas territoriais as grandes potências, é a América, onde suas nações já possuíam, de maneira geral, no século XIX economia plenamente dependente dos países de economia central, onde os EUA se constituíam como única exceção. Ao discutir a emergência do fenômeno do imperialismo, Hobsbawm avalia que a criação de uma economia global única, foi o acontecimento de maior relevância do século XIX. Mas que a Era dos Impérios não se limitou aos aspectos econômicos e políticos, mas também culturais. Uma das definições apresentadas por ele é que o imperialismo foi um “subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1880” (HOBSBAWM, 1988. p. 101).






Além do aspecto econômico, o autor ainda ressalta o aspecto cultural deste imperialismo, as vezes também chamado neocolonialismo. As elites que foram criadas nessas colônias, ao se educarem e transitarem em meios europeus sofreram em certa medida um processo de ocidentalização dos costumes. A hegemonia se dava através de formas culturais que predominavam sobre outras – a cultura atuava através do consenso. No processo inverso, como os colonizados influenciaram os costumes dos colonizadores, o autor traz que possivelmente isto se deu pelo fascínio e pelo exotismo. O ocidente interessou-se imensamente pelas formas de espiritualização orientais, nas artes, na composição do vocabulário. Acerca das artes e vocabulário, estes na maioria das vezes, ganhavam contornos pejorativos no uso pelos cidadãos das potências imperialistas. Em que pese o lado negativo do processo de aculturação nas sociedades colonizadas pelas potências econômicas do século XIX, em muitos casos foi uma proposta considerada efetiva pelas elites de governos diversos, como meio de sobrevivência e modernização. Foi o caso do Brasil, do México, e da Turquia (nos estágios iniciais da Revolução Turca).  Outro elemento constituinte do imperialismo foi a religião, neste período houve grande expansão missionária, e mesmo que os missionários se opusessem as autoridades coloniais e suas práticas imperialistas, Hobsbawm afirma que: “O avanço do Senhor se dava em função do avanço imperialista” (HOBSBAWM, 1988. p. 108).




No plano político, podemos aferir no texto que o imperialismo pertenceu a uma época em que a parte periférica da economia mundial tornou-se crescentemente significativa, ou seja, mesmo com status de colônias, as possessões territoriais das nações imperialistas tinham grande influência no desenvolvimento das políticas administrativas e econômicas. Neste desenvolvimento, Hobsbawm traz questionamentos que os contemporâneos do imperialismo se perguntavam, dos quais vale destacar o seguinte: “Será que o império não leva ao parasitismo no centro e ao triunfo final dos bárbaros?” (HOSBAWM, 1988. p. 123). Esta pergunta ainda está longe de ser respondida, mas na segunda década do século XXI temos a atuação expoente de um bloco econômico (o BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul) formado majoritariamente por Estados que foram afetados direta ou indiretamente pelo imperialismo na condição de países explorados.

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