segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Anotações sobre o Imperialismo... [2]

UZOIGWE, Godfrey N. Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral.




O texto de Godfrey Uzoigwe começa com uma explanação das diferentes teorias surgidas para explicar o fenômeno iniciado no fim do século XIX, a saber, o imperialismo: que conquistou e partilhou a África entre as grandes nações europeias. O autor começa citando que há três tipos de explicações comumente discutidas: a)teoria econômica; b)teorias psicológicas (darwinismo social, cristianismo evangélico, atavismo social); c) teorias diplomáticas (prestígio social, equilíbrio de forças, estratégia global); d) teoria da dimensão africana. Uzoigwe diz que a teoria com a qual ele concorda é a da dimensão africana, posto que enfatize a História da África em si, relacionando-a com os fatores externos ligados principalmente a Europa. Esta teoria, segundo ele, é a mais aceita porque diferente das teorias psicológicas que colocam elementos fatídicos do próprio fim do século XIX e das diplomáticas que são muitas vezes a-históricas, a teoria da dimensão africana coloca que a dominação sobrevêm de um longo processo da preponderância europeia em solo africano e que “foram motivos de ordem essencialmente econômica que animaram os europeus e que a resistência africana a crescente invasão da Europa precipitou a conquista militar efetiva” (UZOIGWE, p. 51).




Em seguida, Uzoigwe, que tem como objetivo no texto remontar a origem do imperialismo na África situa alguns acontecimentos, que segundo ele, foram decisivos para a efetivação da corrida para a partilha da África. Os eventos considerados por ele são:o interesse que o então coroado rei da Bélgica (1865), Leopoldo I, tinha pela África e a expedição que ele mandou ao Congo para explorá-lo em 1879; as séries de expedições portuguesas a partir de 1876 para anexarem as propriedades rurais afro-portuguesas em Moçambique; e o caráter expansionista da política francesa entre 1879 e 1880 que restabeleceu as colônias da Tunísia e Madagascar, a ratificação de acordos com um chefe político do Congo e do controle do Egito em 1879 junto com o Reino Unido.Estes eventos levaram a Reino Unido e Alemanha, que até então só mantinha interferência indireta em sua colônia, se lançasse também a uma ocupação formal e política nos países com quem mantinham relações comerciais.




A Conferência de Berlim (1884-1885) foi o ponto chave, na visão de Uzoigwe, para a definição do futuro traçado territorial na África a competição imperialista iria delinear neste continente. A presença da Europa no continente africano data de período anterior a Conferência de Berlim, as potências europeias já mantinham colônias, exploração de recursos naturais, entrepostos comercias, estabelecimentos missionários, bem como tratados politico e/ou comerciais com chefes políticos africanos. A presença de determinado país europeu em certos territórios africanos foi muitas vezes argumentado a partir destes tratados políticos e/ou comerciais de longa data, afirma o autor do texto. Além destes tratados, na sua maioria duvidosos,como aponta Uzoigwe, havia os acordos bilaterais entre as próprias nações europeias, que definiam em alguma capital da Europa o futuro de milhares de habitantes em diversas regiões da África.
Em que pese uma série destes acordos, quer seja entre soberanos africanos e Estados europeus, ou ainda entre as próprias nações europeias, as contradições dos acordos levados a cabo, as diferentes noções de ocupação efetiva criaram bases para a ocupação militar sistemática do hinterland, isto é, do interior africano. O autor narra uma série de conflitos militares entre países europeus e reinos africanos, ou ainda entre os próprios europeus (de forma mais diplomática que militar), na ocupação e divisão dos territórios interioranos da África.




Uzoigwe conclui o texto traçando alguns dos motivos que levou a vitória dos europeus sobre africanos: a) o conhecimento sistemático da geografia física e humana que os europeus detinham sobre a África, coisa que os africanos despossuíam em relação a Europa; b) o avanço médico dos europeus que já não temiam doenças como a malária por exemplo; c) o fator econômico, onde havia uma relação desigual entre o comércio entre estes continentes, a supremacia industrial europeia e o grande acumulo de capital levaram os europeus dispensarem grandes reservas a empresa imperialista; d) entre 1880 e 1914 houve um momento de paz entre as nações da Europa facilitando a investida imperialista; ao contrário na África, existia disputas entre vários reinos, deste modo os africanos dividiam a atenção entre a ocupação militar europeia e suas guerras entre reinos. Enfim, após três décadas de retalhamento da África pelos europeus, Uzoigwe apresenta o novo mapa geopolítico africano, afirmando que em 1914 ele nada tinha haver com o de 1879. Foi uma ocupação sangrenta, pelo poder da metralhadora, apesar de conter arbitrariedade em sua definição, fixou traçados nacionais indefinidos até o avanço imperialista do fim do século XIX.

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