No futuro do pretérito [2]... (Impressões de um Estágio Docente na Escola)
Definido o planejamento de aulas,
chegou o período da regência. Esta foi uma experiência satisfatória para mim,
ao procurar as turmas para trabalhar durante o estágio, diante a pouca
disponibilidade de horários pela manha, acabei não ficando com o 6º ou 7º ano
como eu havia pensado inicialmente e fui parar no 9º ano. Ao escolher a turma, fui
indicado a ficar com outra, pois a que escolhi era o “pior” 9º ano da escola,
no momento até procurei alternativa, mas devido ao choque de horários com
outras atividades, permaneci nesta turma, observando as aulas como primeiro
momento do estágio. Logo nesse período observei que a turma tinha uma relação
conflituosa com a prática de “assistir aula”, havia desinteresse da maioria
pelas aulas de História e que os alunos em geral não tinham disciplina
comportamental.
Sobre
esta questão de comportamento gostaria de trazer algumas reflexões e discutindo
o sentido da escola sabemos que a escola é o que está por dentro, o edifício
escolar é a capa que envolve todo o organismo, a educação por assim dizer.
Contudo, deve-se ater na construção dos edifícios escolares para que eles estejam
integrados a natureza, que não sofram com o ruído do comércio e tráfego das
áreas centrais da cidade, bem como a disposição dos elementos de seu interior.
É indicada a construção de unidades educativas não muito grandes, edifícios
escolares muito grandes não são vantajosos pedagogicamente. O prédio escolar
deve ter áreas abertas, com ampla ventilação e iluminação, além de biblioteca,
salas para reunia, cozinha, refeitório, banheiro, etc. a fim de que a educação
seja social e ativa. Luzuriaga propõe que o número de alunos por sala não deve
ultrapassar 30, o edifício escolar deve ser construído de acordo com sua
funcionalidade, é importante a acessibilidade e que não custe muito, posto que
sempre seja necessária a construção de novas unidades em outros espaços.
Percebendo
a maneira pela qual o prédio escolar é orientado a ser construído é possível
utilizar as argumentações de Michel Foucault a respeito do controle sobre os
corpos, isto é, “a disciplina”. Segundo Foucault disciplina seria o método
pelos quais:“permitem o controle
minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas
forças e lhes impões uma relação de docilidade-utilidade” (FOUCAULT, 2007.
p.118). Assim, ao observar e participar do cotidiano da escola percebi que a
utilização da organização do espaço incide no comportamento daqueles que nele
estão. Neste colégio, existem dois móduloss de aula, um para 6º e 7º ano do
ensino fundamental e outro para 8º e 9º do fundamental e para as séries do
ensino médio. Pelo fato de meu estágio ter sido no 9º ano, as observações que
farei diz respeito ao módulo II de ensino. No módulo II as salas são muito
próximas do pátio, da quadra e do campo, o que gera ruídos e barulhos durante
todo o horário escolar, existe inspetoras que fiscalizam os corredores a fim de
não permitir a dispersão e evasão dos alunos da sala de aula, no entanto apesar
de haver esta fiscalização, nos momentos em que há ausência de professores nas
turmas, não há como conter os alunos em sala e deste modo eles ocupam os
espaços de sociabilidade entre eles (pátio, campo, quadra, jardim) que são como
já dito, muito próximos das salas, o que causa constante dispersão no
desenvolvimento das aulas.
A
organização do espaço faz com que a escola não tenha uma rotina eficaz, ou seja,
horários de chegada, saída, intervalo para lanche bem definidos; e também
situações diárias que levem a uma prática cotidiana de aprendizado com o
objetivo de não existir “tempo perdido” na escola, os alunos estão sempre em
sua maioria em vagando pelos espaços. Pensando em maneira de como disciplinar e
criar rotina eficiente no colégio, segundo informações de docentes, há um
projeto em andamento de instalação de câmeras nos corredores e salas de aula, e
ainda segundo ela, esta é uma proposta não só para esta escola em questão, mas
que o governo estadual pretende às escolas da rede. Todo este aparato escolar
talvez esteja em consonância com a teoria exposta por Foucault, “um corpo disciplinado é a base de um gesto
eficiente”(FOUCAULT, 2007. p. 130), o quer dizer que a escola não consegue
estabelecer relações de ensino-aprendizado com o desregramento que atualmente é
vigente.
Áurea
Guimarães coloca que “na realidade a
escola é um mundo à parte, fechado e protegido, cujo acesso é cuidadosamente
controlado” (GUIMARÃES, 1985. p. 48). Estas observações acerca das maneiras
de controle do corpo do aluno associado às relações de aprendizado ainda são
bastante incipientes para mim, todavia me atrevi a tentar fazer algumas
ponderações sob a ótica de alguns conceitos já utilizados na pedagogia e nas
ciências humanas observando de que maneira estão se dando estas relações no colégio
no qual estou estagiei e participei do ambiente escolar e que também futuramente
encontrarei no ato de meu exercício profissional.
Marcadores: Educação
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial