Pelo Ocidente Medieval... ainda falando dos povos "bárbaros"
GUERRAS, Maria Sonsoles. Os povos bárbaros. 2. ed São Paulo: Ática, 1991. p. 5 a 40
“A produção artística e cultural dos germanos estava profundamente interligada ao seu espírito guerreiro”, várias epopéias contavam as conquistas e feitos dos germânicos, o poema dos nibelungos foi orquestrado pelo compositor alemão Wagner, no século XIX, este poema é uma expressão significativa da epopéia germânica. A ourivesaria como já citado, foi uma das manifestações mais importantes dos germanos.
A ocupação das gálias no século I, talvez tenha sido o primeiro contato mais direto entre romanos e bárbaros, várias hipóteses são levantadas para explicar esse movimento migratório dos bárbaros em direção ao Império: pilhagem, aventura, condições climáticas ruins na região báltica e na Escandinávia. Roma, a partir dos primeiros contatos com estes povos, pretendeu submetê-los ao império, inclusive com o pagamento de tributos.
Dentre os germanos havia os partidários de uma aliança com Roma para fins hegemônicos, dentre estes, muitos já estavam muitas vezes ocupando cargos no império e já eram cidadãos romanos e outros faziam oposição a Roma. Como as tribos germânicas perceberam-se diferentes dos romanos e muitas tinham interesses comuns, acabaram criando certa unidade, entretanto as rivalidades ainda subsistiam. Roma habilmente conseguiu acirrar essas rivalidades a fim de fragmentar e dispersar as tribos germânicas, muito embora também os germânicos tenha se aproveitado dos dissensos dentro do império romanos, principalmente a partir da morte de Nero em 68.
Desde os primeiros contatos entre romanos e bárbaros, Roma teve variadas políticas de defesa, dentre elas a de “organizar as suas fronteiras aproveitando-se das condições geográficas que serviriam como limites naturais”, o Reno e o Danúbio tornaram-se os limites geográficos do império e marcos para a construção dos limes.
Como Le Goff cita em a Civilização do Ocidente Medieval Vol. I, o Império, mais do que uma política expansionista, possuía uma política voltada para a defesa de seus territórios, Sonsoles traz esta discussão e demonstra que essa certa estagnação na prática conquistadora romana levou a um contato maior e permanente com os germanos, que mais e mais se fixavam nas faz fronteiras e perto dos limes. Isto tudo fez parte do processo de romanização empreendido por Roma, caracterizado prioritariamente pelas relações dos chefes germânicos com Roma, a entrada dos germanos nas legiões romanas, as práticas econômicas entre Roma e a Germânia nos limes e os tratados de ajuda militar.
Esta “simbiose” entre romanos e germanos aconteceu de forma gradativa, a nobreza germânica prestava serviços a Roma, chegando as famílias principais a ocupar postos especiais dentro do Império. O principal fato desta “simbiose” foram as legiões romanas, que no início, os bárbaros eram apenas contratados como mercenários e, paulatinamente foram se infiltrando nos cargos das legiões chegando até, no governo de Vespasiano (66 a 79), liderarem e chefiarem legiões inteiras.
“O limes não era uma muralha continua, mais um amplo caminho em que, a intervalos regulares se construíam torres de madeira, com uma pequena guarnição para vigiar possíveis movimentos inimigos”, desse modo, os limes constituíam-se em verdadeiros ambientes de trocas. Os germanos trocavam seus produtos, tais como âmbar, madeira, trigo e peles por outros de origem romana, que em geral era de péssima qualidade, gerando assim um comércio altamente rentável a Roma. Outro aspecto que também é defendido por Le Goff é a questão da necessidade de mão-de-obra agrícola, que levou a uma constante entrada de “bárbaros” nos limes.
Ainda falando do processo de romanização, os tratados de ajuda militar, eram acordos feitos por Roma e os Reinos Bárbaros, para que estes últimos ajudassem o Império a defender suas fronteiras de possíveis ataques, estes tratados forma bastante frágeis, devido à falta de autonomia de Roma em suas regiões de fronteira. É importante destacar ainda, que a própria existência do Império atraía outros povos, motivados pelas terras e riquezas que Roma possuía.
Essa política defensiva no limes demonstrou suas falhas quando outros povos mais belicosos do interior da Germânia chegaram às fronteiras, desta forma, Roma procurou fortalecer as fronteiras e disciplinar o exército, aliado a isso, os próprios germanos vinham se modificando, grupos se uniram , algumas tribos se fragmentaram, surgiram novos nomes para os grupos. Quando o Império entrou em crise no século III, os limes ficaram sem nenhuma proteção e o império com muita dificuldade em se defender, assim, vários povos germânicos passaram a adentrar cada vez mais ao império em direção a Roma. Três séries de acontecimentos podem explicar esses movimentos bárbaros: a política restritiva do Império, proibição de navegação dos rios e obrigação de manter uma terra inculta para além dos limes; a reorganização política dos germanos, as tribos passaram a unir-se cada vez mais; os movimentos migratórios dos germanos, os germanos orientais desde o século II deixaram seus assentamentos no litoral do mar Báltico e dirigiram-se para o sul, empurrando assim aqueles que já viviam no limes.
Após vários embates entre variados grupos germânicos e os romanos durante o século III, no século IV Roma viveu um período de aparente calmaria, “se abria aos elementos germânicos e os acolhia, visando melhor se proteger”. Os romanos comercializavam com os germânicos, sofreram influência do alfabeto rúnico e também nas artes. Já os germanos, no que diz respeito à religião, foram evangelizados, mas maioria das tribos convertera-se primeiramente ao arianismo, levando a vários conflitos com os romanos católicos. Os romanos mantinham relações militares com os germanos, “através de um contrato com Roma, os povos “bárbaros” ocupavam as terras romanas e, em troca, forneciam ao governo imperial certo números de soldados. Porém, esses povos mantinham seus costumes, organização social e política, o que no futuro trouxe conseqüências desastrosas para o Império”.
É este cenário que irá preceder as grandes invasões germânicas do século V.
“A produção artística e cultural dos germanos estava profundamente interligada ao seu espírito guerreiro”, várias epopéias contavam as conquistas e feitos dos germânicos, o poema dos nibelungos foi orquestrado pelo compositor alemão Wagner, no século XIX, este poema é uma expressão significativa da epopéia germânica. A ourivesaria como já citado, foi uma das manifestações mais importantes dos germanos.
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1 Comentários:
Só para não colocar um comentário que não tenha nada a ver com as postagens...
Esta “simbiose” entre romanos e germanos aconteceu de forma gradativa, a nobreza germânica prestava serviços a Roma, chegando as famílias principais a ocupar postos especiais dentro do Império.
Pois é!!! Há muitas 'simbioses' que continuam acontecendo né??? Aqui, acolá... gostaria de saber onde iremos parar com esses processos 'gradatvos' que na verdade são rápidos até demais, quando defensores de interesses mesquinhos e egoístas dos grandalhões, espalhados por aí.
Agora, sim, vou ao assunto prometido!!! rsrsr
Recebi a resposta de que vc pode chegar mas tarde na sexta feira, mas não demore, hein?? 1 abraço!!!
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