Porque Tudo Muda...

sábado, 24 de abril de 2010

A mobilidade em Salvador... [1]

Salvador vive em uma intensa espera pelo maior evento esportivo do planeta, no entanto apesar de ser uma cidade linda e fantástica, ela assim não é apresentada aos seus próprios moradores. Só realmente conhecem a Salvador das Igrejas, Museus, Fortes, Praias uma pequena parcela da população soteropolitana, e dessa parcela raríssimos são os que são oriundos da periferia. Vivemos então em uma dicotomia onde pessoas que aqui nem moram já visitaram o Farol da Barra externa e internamente mais de uma vez e pessoas soteropolitanas de mais de duas décadas de vida que apesar de passar de ônibus pelo Farol nunca pararam para vê-lo!


Entre as desigualdades, temos um dos maiores adensamentos urbanos do Brasil, uma população que cresce sem ter para onde crescer. Salvador não tem nem onde para sair rodoviariamente, uma cidade de quase três milhões de habitantes só tem duas saídas a BR-324 (usada pela enorme maioria) e a Linha Verde (para aqueles que podem pagar pedágio e tem condições de freqüentar as praias privatizadas do Litoral Norte), até porque as questões geográficas tenha nos orientado para isso, somos uma cidade rodeada de água por três lados! Voltando à cidade em seu âmago, estamos ficando quase imóveis. O transporte público funciona precariamente e diante disso, aqueles que podem ou não, acabam comprando um automóvel de quatro ou duas rodas. Sabemos que o problema de mobilidade não exclusivo de nossa cidade, mas com certeza sabemos que pouco ou nada se tem feito de concreto para se reverter o sentido para imobilidade que estamos tomando, nem a sociedade civil (que hoje tem dificuldade de articular) tampouco políticas públicas voltadas para o público e não para questões eleitoreiras.


O grupo A Tarde vem promovendo debates sobre a mobilidade urbana de Salvador em um caderno especial chamado Salvador em Movimento, veja o que o público não faz, o privado quando é afetado acaba tomando iniciativa, o que é bom e ruim, pois não sabemos para o melhor de quem é realmente produzido estes debates, no entanto, a partir de agora, vou publicar os vídeos dos especialistas e convidados para este debate, para que possamos individualmente tirarmos nossas conclusões e nos enxerguemos dentro dessa cidade, que apesar de tudo, considero-a fantástica!


O primeiro de vídeo é uma exposição sobre o projeto de mobilidade para Salvador de Nazareno Afonso (mediador do debate). Nazareno é Urbanista, atua no setor de transporte desde 1971. Coordenador do escritório de Brasília da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP/Brasília) e do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público com Qualidade. Diretor do Rua Viva – Instituto de Mobilidade Sustentável, ex-secretário municipal de Transporte em Santo André-SP, Porto Alegre-RS e ex-secretário de estado em Brasília-DF.





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terça-feira, 20 de abril de 2010

Falando superficialmente sobre o Descobrimento do Brasil...



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22 de abril de 1500, data do que foi chamada A descoberta do Brasil pelos portugueses, longe de significar logo um interesse imediato de explorar e colonizar pela Coroa de Portugal, não passou de um achado, significativo é verdade, mas que não representou para Portugal retorno econômico instantâneo. É importante destacar que a palavra “achado” aqui não se configura como um simples encontrar, mas no fato de que o Estado português na transição do século XV para o XVI estava mais preocupado em fortalecer seus comércios nas Índias Orientais, como eles chamavam, do que estabelecer uma colônia propriamente dita em um mundo desconhecido, para melhor precisar: o Novo Mundo.
O governo português apesar da não intencionalidade inicial de estabelecer uma política de colonização, após algumas décadas assim fez, de maneira mais ou menos intensa. Estabeleceu no território descoberto e conquistado (parcialmente é verdade) uma administração por meio de capitanias hereditárias, isto é, faixas de terras entregues a um capitão donatário, o qual tinha a tarefa de administrar e conceder terras através de doações, as sesmarias, aplicar a justiça além de recolher impostos para a Coroa e também permanecer na busca por metais preciosos, base da economia mercantilista da época e até então não encontrados em abundância em terras brasileiras entre outras atribuições.





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É possível entender um pouco do cotidiano das capitanias a partir das cartas de Duarte Coelho, responsável pela capitania de Pernambuco, das quais se pode extrais informações sobre as dificuldades enfrentadas, como era organizado o trabalho, de que maneira os nativos se integraram à sociedade imposta pelos portugueses, etc., no entanto, é preciso ter clareza que estes aspectos não podem ser generalizados a todas as outras capitanias, que, aliás, não tiveram êxito como a capitania de Pernambuco, exceto São Vicente, válido ainda lembrar que muitos dos capitães nomeados pela Coroa nem o Atlântico atravessaram para tomar posse de suas terras, concedendo esta tarefa a administradores.





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Estudando as capitanias ainda a partir das cartas de Duarte Coelho percebe-se que a Coroa mandava muitos degradados para o Brasil, e que segundo o próprio capitão de Pernambuco fazia muito mal à colônia, pois aqui eram insolentes, não podiam ser presos novamente causando prejuízos à sua capitania. Lendo Geraldo Pieroni no seu texto sobre degredo, percebe-se que de acordo as Ordenações Manuelinas, a pena de degredo poderia ser aplicada do ato de cortar um árvore até o crime de lesa-majestade. Portugal se utilizou desta estratégia como política de povoamento para as terras além-mar, para cá vieram mendigos, prostitutas, ladrões, mas também há casos de nobres que também por violação da lei de alguma maneira foram enquadrados na pena de degredo. Apesar de terem muitas vezes tempo determinado para retornarem à Metrópole, os degredados aqui ficavam e muitas vezes eram estimulados a isso, principalmente as mulheres, tendo em vista que poucas para cá vieram.



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