Porque Tudo Muda...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Anotações sobre o Candomblé...[3] (O culto e os orixás)

O culto tem importante papel no relacionamento entre orixá e membro. Ele faz com que o fiel tenha uma intimidade direta com seu orixá, colocando seu corpo à disposição do orixá. Assim a divindade tem a oportunidade de participar do Aye (do mundo dos homens).

É através do Axé que o culto é conduzido, há um dar e receber mútuo, por meio do Axé que é patrocinada a dinâmica e a continuidade da vida. Os orixás são mediadores e doadores desta força. Entretanto, os orixás que não têm mais filhos, não podem tomar lugar juntos aos fiéis, não podem dar o Axé e nem receber oferendas.
O culto reviva todo o processo de existência, acontece através de diversos ritos. Onde cada fiel tem obrigações para com seu orixá, esta relação exige determinadas atitudes e comportamentos, uma forma de vida compatível ao orixá e a realização de diversos ritos individuais.
O culto comum e público é marcado por determinada estrutura, inicia-se com uma matança, um animal é sacrificado para o orixá, o animal e a forma do sacrifício dependem do orixá. A cerimônia aberta e pública do culto começa depois do cair do sol e entra pela noite adentro, o rito inicia-se com uma celebração a Exu, que é o mensageiro dos orixás.
Cada orixá tem sua música e dança próprios, os orixás são chamados progressivamente e vêm na ordem em que são chamados, no momento da chegada do orixá, o fiel entra em transe. É neste momento que os orixás podem fazer revelações ou aconselhar seus filhos.
Depois do momento de êxtase, os orixás são despachados uma a um e por último acontece uma refeição, onde tomam parte todas as pessoas que estavam presente no culto. Parte das oferendas que estavam nos Pegis são distribuídas entre os presentes.


"Este último gesto de um culto mostra claramente sua função na vida dos fiéis: a fortificação do relacionamento e da unidade entre pessoas e orixás, entre o Orum e o Aiye. No culto, esta unidade é apresentada como uma realidade já existente, mesmo que ainda não completa, nem permanente. O culto é, por isso, não apenas um ato de piedade, mas acima de tudo um sinal de garantia do equilíbrio da ordem universal, através do qual são buscadas a dinâmica e a continuidade da existência". (BERKEMBROCK, 1998)
Os orixás são forças ou entidades não físicas, que controlam e regulam tanto os acontecimentos cósmicos como os fenômenos naturais, que determinam tanto a vida social, como individual das pessoas.
Na tradição africana dos Yourubás, os orixás eram classificados em dois grupos: os orixás da direita (masculinos) e os da esquerda (femininos).
O número de orixás cultuados pelos yourubás na África é significativamente maior que o número cultuado no Brasil.
É no relacionamento que o orixá se dá a conhecer. Eles são relacionados com animais, cores, metais, velam sobre o mar, a água doce, sobre as plantas ou a terra; sobre o vento, a tempestade e o raio, igualmente atividades humanas como o caçar, o pescar, o guerrear ou o trabalhar o metal.

Os orixás:






  1. Exu – orixá da comunicação. Mensageiro dos outros orixás. Cor: vermelho e preto. Sincretismo: Diabo (por possibilitar muitas vezes, a desgraça, o azar).
  2. Iemanjá – orixá feminino da água salgada e do mar. Mãe de todos os orixás. Cor: azul claro, rosa. Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição; Nossa Senhora das Candeias.
  3. Xangô – orixá masculino do fogo, do trovão, da guerra e da justiça. Cor: vermelho e branco ou só vermelho. Sincretismo: São Jerônimo e São João Batista.
  4. Oyá (Iansã) – orixá feminino do vento. Primeira esposa de Xangô. Cor: vermelho ou branco ou só vermelho. Sincretismo: Santa Bárbara.
  5. Oxum – orixá dos rios e das fontes de água doce, também da fertilidade e da reprodução. Segunda esposa de Xangô. Cor do ouro (amarelo) ou vermelho. Nossa Senhora Aparecida.
  6. 0bá – orixá feminino das águas. Terceira esposa de Xangô. Cor: vermelho. Sincretismo: Joana D'arc.
  7. Ogum – orixá do Ferro, da mata e da guerra. Cor: Azul. Sincretismo: Santo Antônio.
  8. Oxóssi: orixá da caça. Cor: verde e amarelo. Sincretismo: São Jorge e São Miguel Arcanjo.
  9. Omalu ou Obaluayê: orixá da dança e da cura. Cor: preto e branco. Sincretismo: São Roque, São Benedito e São Lázaro.
  10. Nanã – orixá feminino da lama e do barro. Cor: Roxo. Sincretismo: Santa Ana.
  11. Oxumaré – orixá do arco-íris. Cor: as sete cores do arco-íris. Sincretismo: São Bartolomeu.
  12. Ibeji – orixás gêmeos. É o orixás das Crianças. Cor: azul. Sincretismo: São Cosme e Damião.
  13. Oxalá – orixá da origem e da criação. Cor: branca. Sincretismo: Jesus Cristo (especialmente o Senhor do Bonfim)

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domingo, 26 de setembro de 2010

Você conhece a Bahia?

Eis Livramento de Nossa Senhora:

Fundação 1715

Gentílico: livramentense

Distância até a capital: 658 km

Área: 2.267,021 km²

População: 44.568 hab.

Densidade: 18,0 hab./km²

Altitude: 500m


Bônus


Wikipedia, skyscrapercity

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sábado, 25 de setembro de 2010

DEZ NOVAS INDÚSTRIAS SERÃO INSTALADAS EM FEIRA DE SANTANA


Dez novas indústrias estarão se instalando em Feira de Santana nos próximos meses, segundo anunciou o diretor do Centro Industrial do Subaé (CIS), José Mercês Neto. As que estão se instalando do CIS são dos mais diversos segmentos, que pretendem investir de R$ 150 mil a R$ 30 milhões, oferecendo milhares de empregos diretos e indiretos. A maior delas, a CP Indústria e Comércio de Móveis, de Pernambuco, irá se instalar no CIS oferecendo cerca de 600 empregos diretos, com possibilidade de gerar mais 1.200 diretos.

Segundo Mercês, com base no novo procedimento da Autarquia, os processos para instalação de novas empresas são analisados e deferidos ou não pelo Conselho de Administração, formado por 10 conselheiros. Então, analisando dez requerimentos de empresas querendo se instalar no CIS, todos os 10 foram aprovados. Segundo o diretor, o Município está esgotando suas áreas industriais e depende de decisão da Prefeitura para delimitar novas áreas.

Algumas destas indústrias, segundo Mercês, já existem em Feira de Santana, mas, estão fora do núcleo industrial e agora estão se relocando para áreas apropriadas às suas atividades. Entre elas estão a Alumínio Fortbrilho, Ecofeira, Indústria e Comércio de Reciclagem, Super Kid's e Firmino Artefatos de Cimento.

A Stambord, Indústria e Comércio de Artefatos de Borracha, por exemplo, é uma indústria feirense, associada à Star Pneus, que trabalha com pneus rígidos, e que vai reciclar resíduos de borracha oriundos de indústrias locais como Pirelli, Vipal e a Watt, entre outras. Segundo José Mercês, na verdade, foram 11 empresas aprovadas pelo Conselho Administrativo, mas uma delas, a Fototex, solicitou a retirada da sua solicitação.

Érica de Sá


http://www.bahiaeconomica.com.br/201..._NOTICIA=13149

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Falando superficialmente sobre a Independência do Brasil... [2]

Outros autores como Capistrano de Abreu e Manoel Bonfim tratam da colonização como, "males de origem", expressão do próprio Bonfim. Capistrano não faz uma História da Indepenncia, mas sua obra, inovadora por tratar das questões econômicas como formadoras da nacionalidade, aponta que o brasileiro a ser estudado é aquele onde justamente a administração do estado não chegou como menos força, ou seja, o sertanejo. Para ele, o brasileiro do litoral ainda tinha muitas marcas lusitanas, não era autêntico, marcas que permaneceram após a independência, devido a continuidade dos "braganças" no poder. Este fato também para Manoel Bonfim era o que levava a nação brasileira ao não progresso e, portanto estas "raízes ibéricas", expressão de outro autor anti-lusitano, Sérgio Buarque de Holanda, deveriam ser execradas.

Falando nesta permanência dos "braganças" no poder, não se pode deixar de realçar o papel das elites políticas brasileira, José Murilo de Carvalho em duas de suas obras lança argumentos para defender a elite política colonial como principal mentora e mantenedora da construção do estado brasileiro, sua unidade e sua centralização políticas. Autores como Oliveira Vianna falam que a colônia portuguesa da América até o século XVIII tinha grande descentralização político-administrativa, os senhores de terras é que mandavam em suas localidades, inclusive desde o início do processo de colonização, porções de terras foram doadas a capitães donatários, fragmentando o espaço territorial. Portanto, como é que uma grande porção territorial, fragmentada político-administrativamente, com grandes áreas despovoadas conseguiu ao criar seu Estado se manter unido?

O. Viana, Maria Odila e o próprio José Murilo indicam algumas características. Com a descoberta das minas auríferas no início do século XVIII em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a Metrópole passou cada vez mais a imprimir seu controle fiscal e subseqüentemente administrativo, esse maior controle da metrópole a colônia, centralizando os poderes nos presidentes da província, vinculados diretamente ao governador-geral no Rio de Janeiro deu início ao processo de centralização política e que foi assegurado no Império, sobretudo no reinado de D. Pedro II. Maria Odila cita ainda a interiorização da metrópole como fator agregador nacional, ou seja, com a vinda da família real, a metrópole se interiorizou no Brasil. A corte instalada no Rio de Janeiro adquiria terras no interior e muitos fazendeiros do interior foram para a capital, para estarem junto do rei, na corte e que sabe até adquirir um título nobiliárquico, prática comum durante toda a monarquia brasileira. Além destes elementos citados, José Murilo de Carvalho ressalta a escravidão como um dos principais elementos de unificação e coesão territorial. O Brasil sendo uma sociedade escravocrata tinha no mercado de escravos importante fonte de renda para muitos senhores, e ainda a quase única fonte de mão-de-obra. Membros da elite na época da independência até possuíam desejos abolicionistas, como por exemplo, José Bonifácio, contudo para essa elite o mais importante era a criação de um Estado forte, que mantivesse o território unido e que fosse capaz de bem administrar as províncias, assim a abolição da escravidão ou até mesmo a criação da República como alguns grupos defendiam se tornaram sinônimo de perigo, no caso do fim da escravidão, senhores de terras poderiam ocasionar revoltas locais, bem como o fato de ocorrer a República, os poderes locais poderiam se exaltar criando dificuldade na administração e até mesmo uma guerra civil, deste modo, a opção decidida, por parecer mais segura, foi um estado monarquista constituinte, com um monarca com poder moderador e que mantivesse a escravidão, base de todo o período monárquico que se seguiu.

Apesar de um período de turbulência no período regencial, caracterizado por forte descentralização política, o regime imperial se consolidou no reinado de D. Pedro II, onde alternavam no poder, liberais e conservadores, que na verdade realizava a política do imperador, período de grande liberdade de imprensa, fomento às ciências no Brasil e de elevação do espírito patriótico, sobretudo após a guerra do Paraguai, que, aliás, é deste período em diante que o império começa a ruir. Consolidada a unidade, a monarquia passou a ser vistas como atravancadora do progresso, os grupos abolicionistas exigiam o fim da escravidão, processo iniciado ainda na década de 1860, a República surge de novo como proposta, como sinônimo de progresso, saída para a estagnação brasileira. Este processo foi liderado justamente pelos militares que retornavam da Guerra do Paraguai. Depois de arranjos políticos, a escravidão ter sido abolida em 1888, o Império não conseguiu mais se manter e a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889 destituindo o poder monárquico no Brasil.

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Falando superficialmente sobre a Independência do Brasil... [1]

As margens do riacho Ipiranga o príncipe regente bradou: Independência ou Morte! Esta imagem ainda é símbolo da independência do Brasil, entretanto, ela não foi ícone do 7 de setembro desde o início. Noé Freire em A invenção da nação salienta que as simbologias do marco de independência, como o próprio 07 de setembro, foram forjados ao longo das primeiras décadas do império. O grito do príncipe regente, o cavalo, a data, o sentimento de D. Pedro fora o grande responsável pela libertação nacional foram construídos principalmente por uma historiografia cujos autores estavam atrelados ao regime monárquico, seja como funcionários deste, como foi o caso do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico do Brasil) ou também como simpatizantes da monarquia.


Um dos primeiros escritos que aparece sobre o processo de separação de Portugal é de 1827, encomendado pelo próprio imperador D. Pedro I. Este relato serviu de base para as outras produções subseqüentes que trataram do movimento de independência brasileira, desde então, o 07 de setembro ganhou projeção como baliza na fundação do estado independente brasileiro. José Francisco Adolfo de Varnhagen e Oliveira Lima foram autores que defenderam a monarquia e admitiam a independência como um sentido natural do desenvolvimento da colônia. Varnhagen, que escreveu em 1850, foi o primeiro a elaborar uma história geral do Brasil, grande simpatizante da monarquia e do imperador e diplomata brasileiro no exterior, escreveu sua obra afirmando que a colonização lusa fora benéfica às terras brasileiras e que a separação política se deu no momento em que o Brasil como colônia já não admitia estar sob o jugo português. Vale ressaltar que no momento da independência, o Brasil já era Reino Unido a Portugal.




Oliveira Lima, que também foi diplomata no exterior, elaborou sua obra no contexto do primeiro centenário da independência, portanto, em meio à república, proclamada há pouco mais de duas décadas, Lima faz um elogio à monarquia brasileira denominando-a de "democracia coroada" sendo ela mesma responsável pela emergência do estado de república, ainda segundo Lima, a monarquia e sua independência foram processos pelos quais o Brasil apesar de romper politicamente, manteve as qualidades adquiridos no período da colonização, conseguiu manter seu território unido e coeso e um espírito de ordem e civilização, ao contrário dos países de colonização castelhana, que logo se tornaram repúblicas, no entanto, sempre envolvidas em guerras civis e disputas locais.

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